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sábado, 7 de agosto de 2010

Caminhando




Por tantos anos vais caminhando
Empenhado em tua eterna busca
Por que te foste de forma tão brusca?
Segues a andar, mas até quando?

Lágrimas silenciosas de uma mulher
Imploram desesperadas teu retorno
A vida já se encontra em total desadorno
Sem ter a ti para lhe preencher

Venha a mim
Faça renascer a vida
Cicatrize as feridas
Não permitas que seja este o fim

Meu amor jaz tão profundo
Tão perdido em meu âmago
Desejando apenas o afago
Daquele que é meu mundo

Tu farias isto para mim?
Daria-me as estrelas?
Apagaria as incertezas?
Tu farias isto para mim

Por tantos anos vou caminhando
Empenhada em encontrar-te algum dia
Entregue à minha eterna nostalgia
Alcançar-te-ei, mas quando?

Benção Divina


Lágrimas correm por minha face
A dor corta minha carne
Como punhal banhado a sangue
Arranque este amor
Enraizado em meu horto
Abafe este fogo
Que me queima em vida

Ó amor cruel!
Quem poderá chamar-te de Benção Divina
Se tudo o que carregas é sofrimento?
Como poderei eu uma vez mais
Passar ignorada ante teus olhos?
Como poderei eu suportar
Tamanha amargura que me impões?

Não podes ver?
Não consegues enxergar
Cada pranto que derramo?
Ó dor eterna!
Quantas vezes mais hei de morrer?
Ó punhal divino!
Acabes com a agonia de meu ser!

Tente



Veja, contemple as nuvens que vem a se aproximar
Estas, que ao céu vem cerrar

Observe como pinga meu sangue
Sinta como fico grogue

Sem forças para lutar
Apenas pare para escutar

Como canta o vento
Em rajadas de tormento

O vento que vem às almas carregar
Que vem aos fracos eternamente cegar

Agora pare para tentar provar
O líquido sal de meu prantear

Tente sentir
Como é de seu corpo se despir

Sinta o abraço
Frio como aço

Destes anjos cruéis
Das trevas fiéis

Que vem trazer, profunda como corte
A tua certa morte

Abandono


Na fria pedra ela repousa
E lamenta seu infortúnio
Chora suas dores
E questiona aos céus

A fria neve cobre-a
Como que para guardá-la
Salvá-la do sofrimento
Abandonada ela foi

Sobre as lápides
Entre os mausoléus
Guardada por anjos frios
De olhar vazio

A virgem esquecida
Ignorada
Deixada a seu pranto
À eterna noite

Aquele que um dia a amou
Se foi e deixou-a
Sem ao menos um punhal
Para acabar com o pesar

Deixou-a sofrer
Observada por seres cegos
Implorando a deuses surdos

Abandonada ela foi
Sem adaga e
Não amada
Para sempre ela chorou

Lembranças


Às vezes me deparo com pensamentos tristes
Lembranças de uma vida que me parece distante
E nosso adeus em minha mente persiste
Imagens incertas me vêm de forma sufocante

Lágrimas quentes brotam em meus olhos
Grito por ti, contudo não me respondes
Continuas teu caminho e triste me encolho
Segues para tão longe quanto podes

Não consigo mais suportar a dor
Ela me consome, dia após dia
Envolvendo tudo em seu ardor
E me deixando cada vez mais fria

Venha para mim, para mais perto
Pronuncie meu nome e nada mais
Sei que meu destino é certo
Apenas a teu lado, posso viver em paz

Último Suspiro


Aqui repouso
Em minha mortalha de rosas
Por que me deixaste aqui?
Não vês que ainda respiro?

Sei que respiro, pois posso sentir
Os perfumes da Primavera
Mas está tão frio!
Poderia julgar ser Inverno

Estou sangrando
Por que sangro?
Meu sangue tinge as brancas rosas
Posso sentir teu cheiro vermelho

Cheiro triste, de abandono
Não seria esta outra prova
De que respiro?
Talvez seja apenas uma ilusão

Provocada pela solidão e esquecimento
Por que me deixaste aqui,
Morta para o mundo?
Prometeste a mim

Jamais me abandonaria
Ainda ressoam tuas doces palavras
Sussurradas em meu ouvido
Por que me deixaste aqui?

Não vês que ainda respiro?
Eu respiro?
Não mais
Exalo meu ultimo suspiro

Cheio de cortante dor
Provocada por teu esquecimento
E parto
Para nunca mais respirar

Jamais voltar a sentir teu perfume
Doce e impregnado de mentiras
Mentiras as quais tanto amei
E ainda amo-as, irracionalmente

Ainda amo teu perfume
Ainda amo tuas mentiras
Exalo meu ultimo suspiro
Cheio de incessante dor
Provocada por teu esquecimento
Cerro meus olhos
Adeus.